No artigo de hoje vamos ver como as dietas ricas em gorduras estão associadas a alteração da microbiota intestinal.
Nós vimos nos posts anteriores a importância do consumo adequado de gorduras para a manutenção da saúde. Por isso, hoje vamos falar sobre um ponto importante: quais são as consequências de se consumir uma dieta rica em gorduras.
Já está bem estabelecido o papel do consumo excessivo de gorduras na alimentação e sua relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Mas, as dietas com alto percentual de gordura também podem causar outras alterações na saúde na humana e uma delas, é a microbiota intestinal.
Mas como?
Sabe-se que o intestino e mais especificamente a microbiota intestinal tem um papel fundamental na regulação da saúde, na absorção de nutrientes e equilíbrio energético e no desenvolvimento de doenças, como as doenças inflamatórias, alergias, diabetes e obesidade e neurológicas.
Pensando nesse papel da microbiota intestinal, pesquisadores brasileiros, da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, publicaram recentemente uma revisão bibliográfica discutindo a influência de dietas hiperlipídicas na disbiose intestinal e na endotoxemia metabólica.
Trata-se de uma revisão de literatura, na qual foram incluídos 11 artigos.
E o que os pesquisadores encontraram?
De forma geral, os autores demonstraram que vários fatores podem levar a um desequilíbrio da microbiota intestinal, conhecida como disbiose.
No entanto, as dietas ricas em gorduras estão associadas a redução na diversidade de bactérias intestinais, a alterações na integridade da membrana, induzindo um aumento da permeabilidade e aumento da translocação do lipopolissacarídeo (LPS, que é uma endotoxina) para a corrente sanguínea.
Também podem induzir alterações no sistema imunológico e na geração da inflamação sistêmica de baixa intensidade.
O lipopolissacarídeo (LPS), constituinte das bactérias intestinais, pode ser um importante indutor da resposta inflamatória no intestino. Em condições normais, não representa problemas para a saúde humana. No entanto, quando há um desequilíbrio, e evidências científicas têm demonstrado que o tipo de dieta consumida, especialmente as dietas ricas em gorduras, podem contribuir para que LPS seja facilmente transferido para o sistema circulatório, uma condição conhecida como endotoxemia metabólica.
Além disso, a endotoxemia instalada pode ser considerada como um fator causal da inflamação subclínica relacionada a várias doenças crônicas, como a resistência a insulina, inflamação no tecido adiposo, levando a obesidade, esteatose hepática, entre outras.
Como resultado disso, é essencial que mais estudos sejam conduzidos para que ocorra a identificação de estratégias alimentares que possam minimizar os efeitos inflamatórios gerados a partir de mudanças na microbiota intestinal.
Assim, precisamos pensar que o consumo de gorduras vai muito além e envolve diferentes aspectos, já que os tipos de gorduras e a quantidade estão relacionados a fatores que induzem uma das principais doenças de saúde pública da atualidade, a obesidade. Vamos continuar acompanhando sempre as novas evidências científicas! Vem com a gente.
Referências bibliográficas:
Cândido, T. L. N.; Bressan, J.; Alfenas, R. C. G. Dysbiosis and metabolic endotoxemia induced by high-fat diet. Nutr Hosp 2018;35(6):1432-1440.