O gengibre está na moda, ingrediente básico da cuinária asiática, esse rizoma acabou se difundindo pelas cozinhas do mundo. Em sucos, bebidas e shots assume o papel protagonista.
Mas, além do sabor, o gengibre (Zingiber officinale Roscoe) apresenta propriedades nutricionais importantes, é rico em biativos, como os compostos fenólicos, os terpenos e as fibras.
De forma geral, os compostos bioativos presentes no gengibre, principalmente os compostos fenólicos, são responsáveis por conferir benefícios importante à saúde, como ação antioxidante, antiinflamatória, antimicrobiana, anticâncer, neuroprotetora, protetora cardiovascular, protetora respiratória, antiobesidade, antidiabética, antinausea e antiemética.
Em uma recente revisão bibliográfica publicada pela revista Foods (maio/19), os autores exploram os diferentes potenciais desse alimento. Você sabia que os compostos bioativos podem ser diferentes dependendo da forma como o alimento é preparado? Isso mesmo.
Os compostos fenólicos do gengibre são principalmente o gingerol, o shogaol e o paradol. Na forma de gengibre fresco, os gingeróis são os principais polifenóis encontrados. Já com o tratamento térmico ou o armazenamento por um período longo, os gingerols podem ser transformados em shogaols. E, após um processo de hidrogenação, os shogaols podem ser transformados em paradols.
Por isso, o conhecimento de técnica dietética e tecnologia de alimentos e importante para pensar em como preparar o alimento para obter os nutrientes ou compostos que se deseja. Mas ainda, outros compostos fenólicos também são encontrados no gengibre, como a quercetina, a zingerona, a gengenona-A e a 6-desidrogerodiona.
Segundo os autores, uma das mais recentes evidências relacionadas ao gengibre é sua ação sobre doenças neurodegenerativas. Alguns indivíduos, especialmente os idosos, têm um alto risco de doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer e doença de Parkinson e, estudos recentes têm revelado que o gengibre afeta positivamente a função da memória e apresenta atividade anti-neuroinflamatória, o que pode contribuir para a gestão e prevenção de doenças neurodegenerativas.
Mas ainda, outros benefícios são pontuados: os compostos bioativos do gengibre tem o potencial de proteger contra diabetes mellitus e suas complicações, pela diminuição no nível de insulina, e aumento da sensibilidade a insulina; ação antiemética, atenuando náuseas e vômitos induzidos pelo enjoo durante a gestação e pela quimioterapia; efeitos protetores contra distúrbios respiratórios, através da indução do relaxamento no músculo liso das vias aéreas e da atenuação da resistência das vias aéreas e inflamação; possui potencial em aliviar a inflamação, especialmente em doenças inflamatórias intestinais, além de exercer efeito protetor contra doenças cardiovasculares, atenuando a hipertensão e melhorando a dislipidemia, com melhora no perfil lipídico, como HDL-C, CT, LDL, TG e VLDL.
Mas, longe de esgotar o tema, os autores reforçam a importância de novos estudos, com outros compostos bioativos isolados, para elucidar suas atividades biológicas e os mecanismos de ação relacionados. Além disso, reforçam a importância do uso do gengibre e a presença dos compostos bioativos com potencial de ser um ingrediente para alimentos funcionais ou nutracêuticos.
E se você quer saber mais sobre esse alimento e suas aplicações como alimento funcional, não deixe de conferir nosso livro: Alimentos funcionais e compostos bioativos. Lá, você encontra ainda mais conteúdo sobre o assunto.
Referências bibliográficas:
Mao, Q-Q.; et al. Bioactive Compounds and Bioactivities of Ginger (Zingiber officinale Roscoe). Foods 2019, 8(6), 185.
Pimentel, C. V. de M. B.; Elias, M. F.; Philippi, S. T. Alimentos funcionais e compostos bioativos. São Paulo: Barueri: Manole, 2019.