As doenças cardiovasculares são a primeira causa de mortalidade no Brasil e também no mundo. Tal fato caminha em conjunto com evidências que mostram que a população está vivendo mais, porém com uma carga maior de doenças crônicas, principalmente aquelas que são fatores de risco para o desenvolvimento de eventos coronarianos, como as alterações nos níveis de colesterol (dislipidemia). Dessa forma, é essencial adotar medidas de prevenção para reduzir esses riscos, e uma delas merece destaque por englobar um conjunto de mudanças: a Medicina do Estilo de Vida (MEV).
Atividade física, controle de vícios, manejo do estresse e uma alimentação mais rica em frutas e vegetais são alguns dos pilares da Medicina do Estilo de Vida, que comprovadamente demonstram ser eficientes para aumentar a imunidade, bem-estar e a longevidade. Mas será que algumas dessas medidas influenciam também na saúde cardiovascular?
É sobre isso que se propôs analisar um artigo publicado em 2019 pela prestigiada revista Circulation. Na pesquisa, os autores discutem os benefícios cardiometabólicos da adoção de dietas à base de plantas e, para isso, analisaram dados de 12.168 adultos de meia-idade do estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities) que foram acompanhados de 1987 a 2016.
A dieta dos participantes foi classificada em 4 índices: índice geral de dieta baseada em vegetais; índice de dieta baseada em vegetais saudáveis; índice de dieta baseada em vegetais menos saudáveis; e índice de dieta provegetariana (preferência por alimentos vegetais).
Para a análise, foram usados modelos de riscos proporcionais de Cox, e os resultados mostraram que os participantes com maior adesão a um índice de dieta baseada em vegetais saudáveis foi associada a um risco 19% e 11% menor de mortalidade por doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas, respectivamente.
Indivíduos com pontuações mais altas no teste foram os com maior ingestão de frutas, vegetais, fibras, gorduras poliinsaturadas e muitos micronutrientes, e menor ingestão de carne vermelha e processada e gordura saturada. Todas essas características podem contribuir para um menor risco de doença cardiovascular, reduzindo a pressão arterial e o colesterol de lipoproteína de baixa densidade. Além disso, contribui para a diminuição da inflamação e melhora do controle glicêmico.
Em resumo, o estudo enfatiza que:
- Dietas baseadas em vegetais e dietas que enfatizam a ingestão maior de alimentos vegetais e ingestão menor de alimentos de origem animal, estão associadas a um menor risco de doença cardiovascular incidente, mortalidade por doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas na população adulta geral dos Estados Unidos.
- Dietas saudáveis baseadas em vegetais e dietas ricas em alimentos vegetais densos em nutrientes e pobres em carboidratos refinados e alimentos de origem animal estão associadas a um menor risco de mortalidade por doenças cardiovasculares e mortalidade por todas as causas.
Portanto, mais uma vez, reforça-se a tese de que os padrões dietéticos que são relativamente mais elevados em alimentos vegetais e mais baixos em alimentos de origem animal podem conferir benefícios para a saúde cardiovascular e para a saúde geral da população!
Referência bibliográfica
KIM, H.; CAULFIELD, L. E.; LARSEN-GARCIA, V.; STEFFEN, L. M.; CORESH.; REBHOLZ, C. M. Plant‐Based Diets Are Associated With a Lower Risk of Incident Cardiovascular Disease, Cardiovascular Disease Mortality, and All‐Cause Mortality in a General Population of Middle‐Aged Adults. Journal of the American Heart Association. August 20, Vol 8, Issue 16, 2019.